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Conhecendo a Mata dos Saguis

A Mata dos Saguis, é o último e único fragmento de Mata Atlântica com fitofisionomia de restinga da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), localizando-se no Centro de Biociências - Campus Central, em Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Sua área possui aproximadamente 1,5 hectares (15.500 m²), sendo de suma importância para a Universidade por envolver os três fundamentos conduzidos por esta: ensino (educação formal), pesquisa (projetos científicos) e extensão (projetos de extensão).

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Esta área vegetal é tida um verdadeiro Laboratório Natural que fortalece a formação profissional daqueles que buscam oportunidade na mata. O fragmento recebe este nome em homenagem aos "Sagui-de-tufos-brancos", popularmente conhecidos por "soim" ou "soinhos", que predomina na vegetação e em outros fragmentos florestais da região.

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Na década de 1970, a Mata era um contínuo de vegetação com o Parque Estadual Dunas do Natal "Jornalista Luiz Maria Alves", restando apenas alguns fragmentos semelhantes após a construção da Universidade (Sales, 2009). Além disso, houve registro de incêndio por volta da década de 1990, em que toda a área foi queimada. Iniciativas de professores, direção do Centro de Biociências e do “Projeto Nativas do Campus”, foram revitalizando o local, somado a recuperação natural via sucessão ecológica. Todavia, em 2011 houve um novo registro de incêndio, com proporções menores, que atingiu mais uma vez a fauna e a flora.

 

Hoje, o fragmento vegetal pode ser caracterizado como fechado, semiaberto e aberto, conforme a disposição da vegetação e exposição do solo. Ainda, a área comporta um total de 61 espécies vegetais, sendo 30 nativas, 24 exóticas e 7 de distribuição desconhecida (Neto, 2012). Além disso, abriga diversas espécies animais como o popular sagui (Callithrix jacchus Linnaeus), a iguana (Iguana iguana Linnaeus), o timbú (Didelphis albiventris Lund.) e espécies de pássaros, como anu-branco (Guira guira Leach), anu-preto (Crotophaga nai Linnaeus) e galo-de-campina (Paroaria dominicana Linnaeus). Sousa et al. (2008) constatou 21 espécies de aves, sendo o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) a espécie com maior abundância. Já Sales et al. (2009), identificou 6 espécies de répteis da ordem Squamata em amostragem. Desta forma, embora considerada pequena, a Mata dos Saguis apresenta um número considerável de espécies nativas. Algumas destas, pela proximidade, costumam se deslocar da Mata para o Parque Estadual Dunas do Natal e o mesmo acontece no sentido inverso.

 

A vegetação já passou por diversos problemas em função da ausência de manejo adequado. O problema da má disposição de resíduos em suas imediações e resquícios de entulho é um dos principais problemas que vêm sendo enfrentado atualmente; e foi amenizado com o cercamento da mata (em 2015) e a realização de mutirões de limpeza. Porém, problemas como abertura de trilhas alternativas, antropização, e espécies exóticas invasoras, como a Brachiaria sp. e a Leucaena leucocephala; além do corriqueiro abandono de gatos domésticos (Felis silvestris catus), ainda ocorrem frequentemente. A constante presença de pessoas no interior da mata é um dos principais fatores de impacto, pois estas além de levarem lixo para o seu interior, também impedem a recuperação da área pelo constante pisoteamento (antropização) e consequente compactação do solo. Além disso, as reformas e/ou construções que vez ou outra ocorrem ao  seu redor (como a subestação de energia, ciclovia, drenagem etc) geram entulho que são atirados/deixados dentro da mata, sem o devido controle e limpeza pela Superintendência de Infraestrutura da UFRN. Diante de tais problemas, a implantação e continuidade de um projeto de Educação Científica e Ambiental na Mata dos Saguis é de extrema importância para o conhecimento da comunidade de seu papel ecológico e manejo.

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Algumas ações já foram tomadas na tentativa de reverter esta situação, como o projeto Florestinha Viva, que em meados de 2010 ressaltou a importância de ações de educação ambiental e restauração ecológica para a manutenção da área em questão (Macedo, 2011) e o projeto de Consolidação da Trilha dos Saguis existente dentro da área, que promoveu a visitação guiada por monitores (discentes do curso de Ecologia) durante o ano de 2011, recebendo 161 pessoas, entre alunos de disciplinas que abordavam temas correlatos à ecologia, restauração ou educação ambiental, e alunos de cursos de formação de professores.

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O primeiro projeto ocorrido na mata formalmente financiado pela UFRN ocorreu em 2010 com apoio institucional da Pró-reitoria de Pesquisa - PROPESQ - (Revitalização do Laboratório Natural da UFRN - Mata dos Primatas e da Trilha dos Saguis, sob coordenação da Professora Dra. Adriana Carvalho, do Departamento de Ecologia da UFRN). Esse projeto possibilitou, desde então, o estabelecimento de atividades de Educação Ambiental na Trilha dos Saguis, percurso com aproximadamente 350m, dentro da mata. Em 2017, um novo projeto retomou o anterior e ampliou os benefícios para a conservação desta área e para formação profissional de diversos níveis e à diversos públicos: o projeto de extensão "La.Na. Mata dos Saguis":

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O "La.Na. Mata dos Saguis", abreviação de Laboratório Natural Mata dos Saguis, teve por objetivos principais dar continuidade a revitalização da Mata dos Saguis, retomar a promoção da educação científica-ambiental, atendendo ao ensino à pesquisa e à extensão, além da divulgação da vegetação com o nome oficial de Laboratório Natural Mata dos Saguis. Estas ações visaram dar ênfase ao atual uso desta área como Laboratório Natural para os cursos de Ecologia e Ciências Biológicas (entre outros) e garantir a conservação deste importante fragmento de mata dentro da UFRN. O projeto entrou em vigência a partir de 01 de Março de 2017 e finalizou em 31 de Dezembro de 2019. O projeto foi coordenado pela Profa. Dra. Adriana Carvalho, do Departamento de Ecologia da UFRN e por Paulo Ivo Silva de Medeiros (coordenador adjunto), que fez graduação e mestrado em Ecologia na UFRN.

 

A ideia deste projeto surgiu por inciativa de integrantes do Centro Acadêmico de Ecologia Aristotelino Ferreira (CAECO - UFRN), como o coordenador adjunto Paulo Ivo, e em parceria com outros estudantes do Curso de Graduação em Ecologia da UFRN, destacando a importância da área para os alunos que além de verem-na como um laboratório de estudo, enxergam-na perspectivas de trabalho, atuando hoje para garantir a conservação desta mata para os muitos futuros alunos que ainda aprenderão nela e com ela. O projeto foi encabeçado e levado adiante principalmente por Paulo Ivo que construiu o projeto como Trabalho de Conclusão de Curso de sua Especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) com o título de trabalho "Uso de Áreas Florestais Naturais de Acesso Aberto para Aprender Ecologia", disponível na aba "Materiais Científicos".

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O Projeto "La.Na. Mata dos Saguis" recebeu apoio institucional via edital anual da Pró-reitoria de Extensão (PROEX), Departamento de Ecologia, Centro de Biociências e Superintendência de Infraestrutura da UFRN. E apoio financeiro em 2017 (2 bolsas FAEX + verba) e 2019 (2 bolsas FAEX) através dos editais de apoio a projetos de extensão da PROEX. O projeto foi encerrado em 31 de Dezembro de 2019 após 3 anos consecutivos de realização.

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Por: Paulo I. S. Medeiros e Adriana R. Carvalho.
 

Logomarca do Projeto Laboratório Natural Mata dos Saguis - UFRN.
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